A PROPÓSITO...
Conheci aqui na Itália um vinho que atiçou minha curiosidade por alguns anos. O Brasil, além de ser no todo um parco consumidor (com uma vergonhosa média de 7 a 15 litros por habitante ao ano), se satisfaz com o pouco de vinho de boa e média qualidade que produz. O resultado é que não é fácil encontrar variedades e marcas menos famosas no mercado “para gente comum”, ou seja, para não-ricos — mesmo que estejamos falando de países tradicionais na cultura vinífera. Transbordando de romenos como qualquer outra cidade italiana, Milão me presenteou com uma comunidade bastante ativa desses europeus simples mas culturamente riquíssimos. Encontrei na metade do caminho entre minha casa e a residência de amigos uma loja de produtos gastronômicos da Romênia onde reluziam na prateleira as minhas tão desejadas garrafas de Cotnari. Esse vinho, que leva o nome da pequena cidade no norte do país onde é produzido, me chamou a atenção quando ainda estava no Brasil por dois particulares. O primeiro é ser o rótulo internacionalmente mais representativo dos vinhos da Romênia, país que me desperta interesse e que só não faz parte do primeiro escalão vinífero do mundo porque é um país pobre — a Hungria, por exemplo, apesar de produzir menos e de seus vinhos serem de menor qualidade, desfruta de uma certa fama no mercado europeu, principalmente junto aos alemães. O segundo motivo de minha atração pelo Cotnari era a promessa de um vinho doce, mas perfeitamente equilibrado. Equivale a dizer que, mesmo com uma quantidade colossal de açúcar (cerca de 240 gramas por litro), não resulta em um vinho pesado ou enjoativo. Evidentemente precisa ser colocado no seu contexto, que, para dizer o mínimo, não é acompanhar um prato de massa ao molho ou carnes. Prometia notas de mel, e essa era a minha busca. Por mais que eu imaginasse um vinho bom, me surpreendi positivamente: o Cotnari (principalmente a variedade Tamaioasa Romaneasca, mas também a Grasa) é uma verdadeira delícia. Na minha (ainda longínqua) situação ideal, acompanha uma torta como sobremesa, todos os dias. Ou mesmo puro, depois do jantar.
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